ASSOCIADA DO DOM PEDRO II CONQUISTA PRÊMIO NACIONAL DE LITERATURA DOS CLUBES

06/04/2022 Novidades

ASSOCIADA DO DOM PEDRO II CONQUISTA PRÊMIO DE LITERATURA DOS CLUBES

A associada Thamara Assis (27) participou do Prêmio Nacional de Literatura dos Clubes – FENACLUBES, sendo premiada com um 3º lugar, na categoria Crônica: “Lições de elevador”. Além da premiação, a autora foi homenageada pela Diretoria do Clube, recebendo das mãos do presidente, Dimas Marques, um troféu de reconhecimento pelo feito alcançado, representando o Dom Pedro II.

O Prêmio Nacional de Literatura dos Clubes tem como um dos objetivos revelar talentos e incentivar a prática da escrita nos gêneros poesia, crônica e conto, dentre os associados dos clubes brasileiros. 

Confira, abaixo, a crônica e entrevista na íntegra:

P: Qual o seu nome, idade e formação/ocupação?

R: Me chamo Thamara Assis, tenho 27 anos e sou nascida em Conselheiro Lafaiete. Me formei em Letras – Licenciatura em Língua Inglesa pela Universidade Federal de Ouro Preto. Ensino inglês desde os 17 anos e hoje atuo como professora de inglês para jovens e adultos na modalidade online.

P: Há quanto tempo você escreve e por que começou a escrever?

R: A escrita sempre foi algo muito prazeroso para mim. Fui alfabetizada pela minha mãe, antes mesmo de iniciar os estudos, e desde então, o gosto pelas letras, palavras, livros e pela língua me acompanham, motivo pelo qual decidi cursar Letras. A habilidade de escrever, entretanto, herdei do meu pai e meu avô paterno. Essa habilidade foi lapidada com os estudos. 

P: Gosta de Literatura? Quais autores e estilos você costuma ler?

R: Sim, como disse, o gosto pelos livros foi o que me motivou na minha escolha de graduação. Ler é uma das minhas atividades favoritas. Durante todo o ano de 2022, estou me desafiando a ler 12 livros (quem sabe mais que isso!) e tenho lido obras cristãs, com o objetivo de me aprofundar e crescer na minha fé.

P: Na sua opinião, qual a importância e os benefícios da Literatura na vida das pessoas?

R: Entendo que a literatura não é algo que todas as pessoas apreciem, já que somos diferentes e temos gostos e aptidões diferentes. Porém, na prática, ler é muito mais do que um simples prazer. A leitura proporciona aumento de vocabulário, melhora nossa capacidade de comunicação oral e escrita, e através dela, é claro, adquirimos conhecimento. Indo um pouco além, acredito que os livros nos levam a lugares nos quais talvez nunca colocaremos os pés e nos dão a capacidade de alimentar nossa imaginação e criatividade. 

P: Como decidiu participar do Concurso de Literatura dos Clubes?

R: O mérito é todo do meu marido, Fernando! Ele me falou sobre o concurso, insistiu para que eu participasse e, mais do que eu mesma, acreditou que eu poderia ser bem sucedida! A ele devo essa conquista. 

P: Sobre o que você escreveu? Conte um pouco sobre a ideia para a crônica escrita, que foi premiada no Concurso:

R: A crônica surgiu a partir de um acontecimento real. No texto, discorro sobre o processo de enfrentar e superar nossos medos, uma realidade com a qual lido todos os dias. Através do acontecimento que presenciei dentro de um elevador – daí o título da crônica – desenvolvo uma reflexão sobre como podemos aprender com as experiências dos que estão ao nosso redor.

P: Como recebeu a notícia de que a sua crônica havia sido premiada?

R: Fui informada pelo Sinde Clube através de um e-mail que havia sido premiada com o terceiro lugar no concurso nacional e também tive acesso ao parecer dos jurados. Fiquei surpresa, mas também muito feliz! 

P: Se pudesse dar um conselho aos jovens sobre a Literatura, o que diria?

R: Como todos nós sabemos, estamos muito envolvidos com a tecnologia e as mídias sociais. Não defendo que elas sejam apenas um mal; são ferramentas muito úteis no nosso dia a dia e por meio delas temos acesso a uma infinidade de conteúdos, materiais e todo tipo de conhecimento. Entretanto, por serem tão atrativas, elas têm nos “roubado” momentos preciosos em diversos cenários. Por isso, é preciso organizar melhor o tempo a fim de inserir a leitura na nossa rotina. Escolha um assunto que seja do seu interesse, comece com poucas páginas por dia, e dê à literatura uma chance de conquistar você.

Lições de elevador

“Tenho fobia de elevador” – ela disse se apressando para entrar na caixinha minúscula que nos levaria ao nono andar. Meus olhos pousaram em seu rosto; ela não sabia como meu dia tinha sido tão difícil também. Ela não imaginava como eu vinha tentando controlar minhas emoções durante toda aquela manhã. Mas a simplicidade e a espontaneidade com que ela revelou seu medo me assustaram e por um momento saí do meu mundo cheio de fantasmas.

Suas mãos trêmulas afastavam a máscara do rosto, com a intenção de respirar melhor naquela situação – simultaneamente tão trivial e tão ameaçadora. O medo é assim: quase sempre irracional. Seu endereço é distante da casa da razão; ele cega seus olhos, impede o ar de alcançar seus pulmões, faz suas mãos e pés vacilarem e sua imaginação decolar. A mente faz uma viagem cujo destino nunca é agradável. Você é um passageiro que está sendo levado para um local sombrio, e está sozinho.

Alcançamos o nono andar em alguns segundos; para ela, a sensação foi de horas. O medo faz isso também; ele distorce o tempo. Ela havia esperado – não sei por quanto tempo – que alguém, qualquer pessoa, entrasse no prédio e dissesse: “9º andar, por favor”, para que ela não precisasse fazer o trajeto sozinha. Quantas vezes nossos medos nos impediram de entrar sozinhos no elevador?

Quase sempre escondo meus medos de todos. Me sinto indigna, menor, frágil demais. E eu sei, quando consigo usar meu pensamento racional, que todos nós o temos, em maior ou menor medida. Medo de altura, medo de perder alguém, medo de não ser ninguém, medo de morrer, medo de viver. Entretanto, eu não quero que ninguém saiba o quanto sou medrosa.

Enquanto escrevo essas linhas, as memórias desse episódio estão vívidas em minha mente. E o medo permanece como um fantasma na minha existência. Concluo que ele também permaneceu com nossa cara colega do elevador. Ele estava lá, mas não a impediu de chegar ao nono e último andar – ainda que tenha precisado se despir do embaraço de confessar a estranhos sobre sua fraqueza.

Aí está um segredo. Escancarar o que há de mais falho em você talvez o torne muito mais forte. E se você não se sentir mais forte, pelo menos será liberto da carga pesada de parecer perfeito aos olhos dos outros. Parecer perfeito é cansativo, porque é uma tarefa que você nunca poderá cumprir por completo. Afinal, você não é.

Nomeio esses pensamentos como “lições de elevador”. Nesse trajeto, não fui apenas ao nono andar, mas chego ao mais profundo do meu ser – ou até onde consigo ir – e entendo que não sou a única a lidar com tantos pensamentos e sentimentos perturbadores. Estamos no mesmo barco.

Queria dizer a ela o quanto a sua vulnerabilidade impactou meu dia. Foi como achar uma fonte de água depois de andar por horas num deserto; como encontrar uma flor no meio de muitos espinhos. Mas não o fiz e não sei se terei essa chance. Ela nem sequer imagina que escrevo isso, e espero que um dia ela entenda o quanto o medo ensina, e o quão corajosa ela é.

Talvez o leitor seja bravio e destemido, e não consiga compreender o que tento dizer. Mas se alguns desses fantasmas assolam você também: que nossos medos não nos impeçam de entrar no elevador que leva ao que há de melhor na vida; que seus fantasmas não te privem de atravessar a ponte que se chama coragem; que o seu coração se lembre de que tudo é passageiro; e que você se permita ser feliz, apesar de tudo.

Pseudônimo: Thalissa

 

 

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